sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

ruído branco

um ruído, imperceptível aos ouvidos dos outros, mas presente. atordoava-o, como um helicóptero a planar dentro da cabeça. e, naquele momento, ele estava desconectado de tudo. a informação que ousasse entrar, fosse a fofoca mais sórdida, era transformada em pedaços, e chegava irreconhecível.

tentava contar, como ensinaram a ele na infancia. um, dois, tr… três, qu… quat… e assim nunca conseguia, sem que uma dor o tomasse de súbito e o escravisasse.

tinha consigo algumas palavras mágicas: nomes de princípios ativos e de outras substâncias, recomendadas por médicos, terapeutas, curandeiros, e pela vizinha de apartamento. as letras tremiam tanto quanto seus olhos, e depois suas mãos e seus dentes.

correu para o computador creme e, depois do choque de luz que os olhos levaram, tentou alguns gestos de mouse e teclado, como se fosse um xamã digital. mas o seu oráculo não estava disposto a traduzir seus desígnios ou pelo menos balbuciar alguma tentativa de cura.

restou, então, concluir a coisa mais lógica possível: vou voar pelo mundo como uma abelha. e assim, fez-se a metamorfose.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

brainstorm #1

(ou “resposta a um email”)

olá

estou bem, e vc?

continuo em bh, provavelmente voltando pra sp

estou com pouco tempo pra conectar

soube da mudança por minha mãe

o que aconteceu com vc que não consegue abrir as msgs?

minha mãe fala coisas demais, ainda tenho amigos

foram boas lembranças, mas é passado

sei que vc n faz o que fala

melhor guardar esta experiência nos seus sonhos

prometo não te ligar

nem te mandar torpedo

são 5 da manhã e so penso em dormir na tarde seguinte

(e n vou poder dormir amanhã de tarde)

n me espere

n vou deletar este email

tb não vou atender seus desejos

abs.

w.